Padre Patrick conta à CPI das Bets que recebeu proposta de R$ 560 mil para divulgar apostas

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O sacerdote contou que, quando a proposta chegou a ele, tinha menos de um milhão de seguidores; atualmente, ele acumula 6,6 milhões no Instagram

padre Patrick Fernandes, que acumula milhões de seguidores em suas redes sociais, afirmou que já recebeu uma proposta de R$ 560 mil para divulgar apostas. Ele prestou depoimento, nesta quarta-feira (21), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga empresas de jogos de azar e apostas virtuais, as chamadas “bets”.  

De acordo com ele, a proposta foi feita quando ele começou a ter influências digital e tinha menos de um milhão de seguidores no Instagram. “Geralmente as divulgações são assim: duas vezes na semana você grava dois stories, três stories, eles mandam o briefing. Só que ali eu já não aceitei. E sempre chega [proposta]”, contou. 

“Se você pega, por exemplo, o Instagram, nos directs, todo dia vai ter uma mensagem: ‘Ah, eu sou gerente tal, plataforma tal, nós vimos o seu perfil’. Existe um aliciamento por detrás disso. É feito assim. […] Se você dá assunto, aí pronto, vem a proposta. Eu nem chego a abrir essas mensagens”, completou. 

Influencer, o padre Patrick Fernandes acumula 6,6 milhões de seguidores no Instagram e 2,9 milhões no TikTok. Ele mantém, em seus perfis, contatos para marcas que querem contratá-lo para publicidade, mas diz selecioná-las. O sacerdote foi convidado ao Senado porque contou, em um vídeo, que gostaria de depor à CPI. 

“Eu não conheço ninguém que ficou rico jogando esse tipo de coisa. Quem está ficando rico, com certeza, é quem está divulgando, porque se paga muito, principalmente para quem tem muitos seguidores”, declarou no depoimento desta quarta-feira. 

O padre destacou ter “certeza” de que quem divulga apostas e jogos de azar está milionário. “Principalmente esses grandes influenciadores, o máximo que eles vão jogar é nos cassinos no exterior. Não vão jogar ‘tigrinho’, esse tipo de coisa. Vocês sabem que existe uma conta demo por detrás. Quando eles são contratados, aquilo não é ao vivo. A Polícia Federal já comprovou que existe uma ‘conta demo’, que é gravado. Não é uma coisa que é ao vivo e que a pessoa está ganhando dinheiro”. 

Além dos grandes influenciadores, Patrick frisou que é preciso olhar para quem tem menos seguidores e também lucro com contratos de publicidade de apostas. Na visão do padre, essas pessoas contribuem com a situação de vício de quem alimenta plataformas de jogos. 

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“Eles começam a ostentar uma vida que, aos moldes de muita gente, é a ideal. Uma pessoa que antes não tinha muitos recursos aparece com carro de luxo, viagens internacionais, divulgando esses jogos, o que dá uma falsa ideia de uma vida fácil. […] Isso vai gerando um ciclo vicioso que vai tomando conta”, afirmou.

O padre contou que recebe, por semana, cerca de três pessoas que pedem orientação sobre o vício em jogos de algum familiar. “Quando a própria pessoa chega ao ponto de reconhecer que precisa de ajuda, é o estopim, a pessoa não aguenta mais”, observou. 

“Foi-se o tempo em que as pessoas iam levar galinha caipira, um pão. Hoje é mais para contar dificuldades. A gente se vê exposto a todo momento a realidades que as pessoas estão vivendo. E nos últimos tempos eu tenho percebido que muitas pessoas procuram para partilhar situação como essas, de famílias destruídas por situações de jogos. E não só financeiramente, mas eu me refiro ao estrago social, como se fossem drogas quando tomam uma pessoa, o que afeta a família inteira”, contou. 

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