Trump processa jornal por pelo menos US$ 10 bilhões por reportagem

A ação pelo presidente Donald Trumpo, movida na corte federal do sul da Flórida, pede ao menos US$ 10 bilhões em indenizações.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abriu um processo bilionário contra o Wall Street Journal (WSJ), seu proprietário Rupert Murdoch, e dois jornalistas do veículo, acusando-os de difamação, calúnia e agressão moral.

Motivo

O motivo é uma reportagem publicada na última quinta-feira (17) que alega que Trump enviou, em 2003, uma carta de aniversário para o bilionário Jeffrey Epstein — já falecido e condenado por exploração sexual de menores — que incluía um desenho sugestivo de uma mulher nua e mensagens insinuando “segredos compartilhados”. O suposto bilhete, segundo o jornal, faria parte de um álbum organizado por Ghislaine Maxwell, cúmplice de Epstein, que cumpre pena de 20 anos por tráfico sexual.

Na carta descrita, haveria diálogos fictícios entre Trump e Epstein, além de uma assinatura do então empresário posicionada de forma obscena no desenho. O conteúdo foi amplamente repercutido, inflamando teorias e desconfianças sobre a relação entre Trump e Epstein — amizade que já foi alvo de polêmicas durante campanhas anteriores.

Em resposta, Trump negou veementemente a autenticidade do material, classificando a reportagem como “falsa, maliciosa e difamatória”. No Truth Social, sua plataforma, o presidente afirmou que alertou pessoalmente Rupert Murdoch sobre o risco de publicação e prometeu levá-lo aos tribunais.

“Será interessante ver Murdoch testemunhar. Este processo é para mostrar que os americanos não tolerarão mais os abusos da mídia mentirosa”, disse Trump.

A ação reacende a conturbada relação entre Trump e parte da imprensa americana. Embora a Fox News, do mesmo conglomerado de Murdoch, costume apoiar o republicano, o Wall Street Journal tem adotado posturas mais críticas. Especialistas em liberdade de imprensa, no entanto, veem poucas chances de sucesso na ação. “Pedir US$ 10 bilhões por cada acusação chega a ser cômico”, comentou o professor Roy Gutterman, da Universidade de Syracuse.

Pressão sobre arquivos de Epstein

Além do processo, Trump tenta conter o desgaste político entre seus apoiadores, muitos deles influenciados por teorias de conspiração envolvendo uma suposta lista de “clientes poderosos” de Epstein. Na mesma semana, o presidente determinou à Procuradora-Geral Pam Bondi que peça na Justiça a liberação dos depoimentos do grande júri sobre o caso. A medida, porém, não inclui os arquivos do FBI ou do Departamento de Justiça que parte da base trumpista esperava ver divulgados.

Epstein, que morreu na prisão em 2019 em circunstâncias oficialmente tratadas como suicídio, mantinha ligações com políticos, milionários e celebridades. Até hoje, o caso alimenta desconfianças de encobrimento de uma rede de exploração sexual envolvendo figuras de alto escalão. Nos registros de voos do bilionário, o nome de Trump aparece, mas o presidente não é formalmente investigado.

Enquanto tenta retomar o controle da narrativa, Trump reforça o discurso de guerra contra a mídia tradicional, prometendo transformar a nova ação judicial em exemplo para outros veículos. O Wall Street Journal, até o momento, não comentou publicamente o processo.

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