Netanyahu confirma intenção de ocupação total da Faixa de Gaza em meio a tensões crescentes
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu reafirmou nesta quinta-feira que Israel pretende tomar controle total da Faixa de Gaza, dando continuidade à ofensiva militar contra o Hamas.
A declaração foi feita pouco antes de uma reunião do gabinete de segurança de Israel, que deve decidir se aprova o plano controverso de expandir a ocupação da região.
Em entrevista à Fox News, Netanyahu afirmou que o objetivo não é manter a administração direta de Gaza, mas estabelecer um “perímetro de segurança” e transferir a governança para forças árabes aliadas que garantam a segurança de Israel e uma vida digna para a população local. O premiê enfatizou a necessidade de remover o Hamas do território para “libertar” os moradores da influência do grupo militante.
O plano prevê uma operação de duas fases, com o envio de dezenas de milhares de soldados para ocupar áreas centrais da Faixa, incluindo Gaza City, onde acredita-se que muitos reféns ainda estão sendo mantidos. Cerca de um milhão de palestinos, metade da população da Faixa, seriam deslocados para o sul do território durante a ofensiva, o que deve durar meses.
No entanto, a medida enfrenta resistência dentro das próprias forças de segurança israelenses. O chefe do Estado-Maior, general Eyal Zamir, alertou Netanyahu que a ocupação integral pode se transformar em uma “armadilha”, expondo tropas a insurgências prolongadas e colocando em risco a vida dos reféns. Zamir defende uma estratégia de cerco aos redutos do Hamas em vez da ocupação total.
A comunidade internacional também demonstra preocupação. Organizações humanitárias, como a Organização Mundial da Saúde, denunciam a grave crise humanitária na Faixa de Gaza, onde mais de 61 mil palestinos já morreram desde o início da guerra em outubro de 2023. Dados apontam para uma situação de fome iminente, com quase 12 mil crianças menores de cinco anos sofrendo de desnutrição aguda somente em julho.
Famílias dos cerca de 20 reféns sobreviventes em Gaza realizaram protestos pedindo que o governo israelense priorize a liberação imediata de seus entes queridos e evite ações militares que possam colocar suas vidas em risco.
A guerra teve início após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de cerca de 1.200 israelenses e no sequestro de 251 pessoas. Desde então, as negociações para um cessar-fogo fracassaram, e o conflito segue agravando o sofrimento da população civil palestina.
A decisão final sobre o plano de ocupação deve ser anunciada após a reunião do gabinete de segurança, que enfrenta uma difícil escolha entre ampliar a ofensiva e lidar com suas consequências humanitárias e políticas, ou buscar alternativas para tentar preservar vidas e avançar nas negociações.
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