Multidão saqueia carga de carne no Complexo da Pedreira mesmo sob presença policial

Uma cena de caos e descontrole tomou conta do Complexo da Pedreira, em Costa Barros, Zona Norte do Rio, na tarde desta quarta-feira (6), quando uma carga de carne roubada foi saqueada por dezenas de pessoas, mesmo com a presença de um blindado da Polícia Militar.

RIO DE JANEIRO — O episódio, registrado por helicópteros de emissoras de TV, expôs mais uma vez o desafio do Estado em manter a ordem em comunidades dominadas por facções criminosas e marcadas pela vulnerabilidade social.

Segundo a Polícia Militar, um caminhão da empresa Transporte Tozzo, transportando carne da marca Friboi, foi interceptado por criminosos nas imediações da comunidade. Os bandidos obrigaram o motorista a dirigir até o interior do complexo de favelas, onde o veículo foi descarregado sob ordens dos assaltantes. As caixas com a carga foram empilhadas no chão e, em seguida, o caminhão foi liberado.

Logo após a saída dos criminosos, dezenas de moradores da região se aglomeraram no local e iniciaram o saque da mercadoria. Um blindado da PM, o conhecido “Caveirão”, chegou a entrar na comunidade durante a ação, mas não conseguiu impedir o avanço da multidão. As imagens mostram pessoas correndo com caixas de carne, enquanto outras se arrastavam sob o veículo blindado para pegar os produtos que caíam ou eram esmagados.

Um policial chegou a usar spray de pimenta para dispersar o grupo, o que surtiu efeito apenas temporariamente. Pouco depois, os saqueadores retornaram e levaram o restante da carga. Em questão de minutos, toda a carne havia sido carregada para dentro da comunidade.

Em entrevista, o secretário estadual da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, reconheceu a complexidade do episódio. “O que a gente viu é uma grande concentração de pessoas e uma questão social envolvida. Precisamos tratar essa situação de forma profissional e equilibrada”, afirmou. Segundo ele, os agentes do 41º BPM (Irajá) optaram por evitar o confronto direto para preservar vidas, e um reforço policial foi mobilizado para ocupar a região.

O caso levanta preocupações não apenas sobre a segurança pública, mas também sobre as condições sociais da população local, que, diante da escassez e da miséria, participa de ações ilegais como saques — ainda que sob risco iminente.

As investigações sobre o roubo da carga e os responsáveis pelo saque seguem em andamento.

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