Após condenação por discriminação, Leo Lins lota teatro e intensifica piadas polêmicas em novo show
Condenado pela Justiça Federal a mais de oito anos de prisão por incitação à discriminação, o humorista Leo Lins transformou a própria sentença em motor de divulgação para sua nova turnê, intitulada “Enterrado Vivo”.
Em sua primeira apresentação em São Paulo após a condenação, Lins lotou o Teatro Gazeta, na Avenida Paulista, com 720 lugares ocupados por fãs atraídos não apenas pelo humor ácido, mas também pela controvérsia que o cerca.
Durante cerca de 70 minutos de espetáculo, Léo Lins debocha do sistema judiciário, critica o que chama de “politicamente correto” e reforça piadas com conteúdo considerado ofensivo por diversos setores da sociedade. Entre os alvos estão negros, obesos, pessoas com deficiência, indígenas, judeus, pessoas com HIV, e até mesmo temas como pedofilia e nazismo, cuja menção foi central em sua recente condenação.
Para evitar novos processos, celulares do público são lacrados em sacos opacos antes da apresentação, estratégia que visa impedir a circulação de novos trechos do show nas redes sociais. A própria sinopse do espetáculo adota a narrativa da perseguição judicial como ferramenta de marketing: “Show proibido em mais de 50 cidades, redes sociais canceladas, ameaças de prisão…”, diz o anúncio.
Mesmo com críticas crescentes e diversas ações judiciais em curso, o humorista mantém o tom desafiador. No palco, ironiza sua sentença comparando a pena à de crimes violentos e afirma: “Se você é preconceituoso, não faça piada, mate. Vai sair mais cedo da cadeia”. Ele também reforça o argumento de que suas falas fazem parte de um “personagem” e não devem ser confundidas com suas opiniões pessoais.
O vídeo que originou a condenação, intitulado “Perturbador”, foi gravado em 2022 e acumulava cerca de 3 milhões de visualizações antes de ser removido do YouTube em 2023. Segundo a 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, o conteúdo incitava preconceito contra uma série de grupos vulneráveis. Além da pena de prisão, Lins também foi sentenciado ao pagamento de multa e indenização por danos morais coletivos — decisão que sua defesa recorre.
Apesar da polêmica, ou por causa dela, o espetáculo segue com sessões esgotadas e reafirma uma estratégia conhecida: transformar controvérsia em capital cultural e financeiro, mesmo que isso implique cruzar os limites do respeito e da legalidade. Para o público que o apoia, Lins é símbolo de uma resistência contra restrições à liberdade de expressão. Para os críticos, ele é a personificação de um discurso de ódio disfarçado de piada.
Quer se manter informado? continue lendo na Diário Impresso!
Publicar comentário