Colheita farta e clima favorecem queda nos preços do café; consumidor só verá alívio em 2026
Os preços do café no Brasil estão em forte retração no campo com o avanço da colheita da safra 2025/26, mas o alívio ainda deve demorar a chegar aos consumidores.
Segundo dados do Cepea, as variedades arábica e robusta acumulam quedas superiores a 15% em junho, refletindo o aumento da oferta, a normalização dos estoques e uma correção após meses de preços historicamente altos.
A cotação do café arábica tipo 6 caiu cerca de R$ 360 por saca, voltando ao patamar abaixo de R$ 2.000, valor que não era visto desde novembro de 2023. Já o robusta, produzido principalmente no Espírito Santo, teve queda de quase R$ 210 por saca, com média de R$ 1.186,20 — o menor valor desde maio de 2024.
Apesar do alívio no campo, o preço do café continua pesando no bolso do consumidor. Segundo o IBGE, o café moído foi o segundo item que mais influenciou a inflação de junho, com alta de 2,86% no mês e de impressionantes 81,6% no acumulado de 12 meses.
Especialistas explicam que o repasse da redução de preços até os supermercados ocorre de forma lenta, podendo levar de 60 a 90 dias para começar a surtir efeito — e apenas de forma gradual. Uma queda mais visível para o consumidor é esperada apenas em 2026, quando a safra brasileira deve registrar crescimento mais expressivo.
No mercado internacional, a bolsa de Nova York também reflete a dinâmica da safra brasileira. Os contratos futuros do café arábica abriram a semana em queda de mais de 4%, pressionados pelo bom andamento da colheita em Minas Gerais e pela ausência de riscos de geada, apesar da chegada de uma frente fria à região.
De acordo com o Itaú BBA, a oferta global deve melhorar na próxima safra, com o crescimento da produção de conilon (robusta) compensando parte das perdas no arábica, cuja produção deve cair cerca de 6,6% devido a condições climáticas adversas no início do ano.
A conjuntura atual também foi influenciada por fatores geopolíticos e logísticos que, no final de 2024 e início de 2025, impulsionaram as exportações brasileiras, reduzindo os estoques e inflando os preços. Entre eles, a guerra no Oriente Médio afetou as rotas de exportação da Ásia para a Europa, fazendo com que países europeus recorressem mais ao café brasileiro.
Agora, com os estoques sendo recompostos e a produção reagindo, o setor entra em um período de estabilidade e consolidação dos preços, embora ainda sob cautela diante de incertezas climáticas e do cenário econômico internacional.
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