Campos Neto defende decisão do Copom e diz que também elevaria a Selic a 15%
O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, saiu em defesa da recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a taxa Selic para 15% ao ano — o maior nível registrado desde 2006.
A medida foi liderada por Gabriel Galípolo, atual presidente da instituição, indicado pelo presidente Lula (PT).
Em entrevista a veículos de imprensa, Campos Neto afirmou que teria tomado a mesma decisão se ainda estivesse no comando da autarquia. “Eu poderia falar: ‘Viu? Me criticaram tanto e agora a taxa está maior’. Mas minha honestidade intelectual não me deixa embarcar nessa. Eu teria feito a mesma coisa”, declarou.
A justificativa oficial para o aumento foi a necessidade de conter o avanço das expectativas de inflação, que vêm se afastando da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Segundo Campos Neto, o movimento foi acertado diante da perda de confiança dos agentes econômicos. “O ganho de credibilidade frente ao custo monetário era claramente favorável a este último ajuste, dada a necessidade de reverter as expectativas desancoradas”, avaliou.
A elevação da Selic foi aprovada de forma unânime pelos membros do Copom e sinalizou que pode ser o último aumento do ciclo, caso o cenário econômico evolua conforme o esperado. Apesar disso, a decisão provocou forte reação de setores produtivos. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou o aumento como “injustificável” e alertou que os juros elevados sufocam a atividade econômica.
No campo político, a medida também gerou desconforto. A ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, considerou a decisão “incompreensível”. No entanto, Gabriel Galípolo foi poupado das críticas diretas, tanto pela CNI quanto por integrantes do governo.
Com a nova taxa, o Brasil passa a ter a segunda maior taxa real de juros do mundo, atrás apenas da Turquia, segundo monitoramento das consultorias MoneYou e Lev Intelligence.
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