“Se o senhor acha ou não que teve golpe, não é importante para a Corte”, diz Alexandre de Moraes ao repreender testemunha

Alexandre de Moraes sério

Durante audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (28), o ministro Alexandre de Moraes repreendeu o ex-secretário-executivo do Ministério da Justiça, brigadeiro Antônio Ramirez Lorenzo, ao rebater declarações feitas por ele como testemunha de defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e réu em ação penal por tentativa de golpe de Estado.

Lorenzo afirmou que, durante sua atuação no governo, nunca ouviu a palavra “golpe” e que sua percepção sobre os atos do 8 de janeiro seria diferente se não tivesse feito parte da equipe do ministério.

“Se eu apenas estivesse em casa, sentado, assistindo televisão, eu passaria a acreditar naquilo. Só que eu estive do outro lado, e nunca, jamais, houve essa palavra ‘golpe’. Eu só ouço na mídia”, declarou Lorenzo.

A fala foi prontamente interrompida por Moraes: “Responda os fatos. Se o senhor acha ou não que teve golpe, realmente isso não é importante para a Corte”.

O ministro também contestou a versão de que a transição de governo teria ocorrido de forma exclusivamente técnica. Citando os atos de vandalismo de 12 de dezembro de 2022, quando a sede da Polícia Federal foi atacada em Brasília, Alexandre de Moraes questionou se postagens feitas por Lorenzo em tom crítico ao governo eleito condiziam com essa alegada neutralidade. O ex-secretário disse que se tratavam de opiniões pessoais publicadas “no calor da emoção”.

Antônio R. Lorenzo: ex-secretário do Ministério da Justiça

“O secretário de Segurança Pública é a rainha da Inglaterra?”, ironiza Alexandre de Moraes

Outros depoimentos também foram alvo de críticas do ministro. O coronel Rosivan Correia de Souza, da Polícia Militar do Distrito Federal, afirmou que a PM não era subordinada à Secretaria de Segurança Pública. Alexandre de Moraes ironizou a declaração: “O secretário de Segurança Pública é a rainha da Inglaterra? Dizer que não exerce hierarquia sobre as polícias é como dizer que o presidente da República não é comandante em chefe das Forças Armadas.”

Além disso, Moraes levantou questionamentos sobre a atuação da equipe de Torres diante da desinformação sobre urnas eletrônicas. Segundo Lorenzo, o grupo teria buscado evitar exposições públicas do então ministro e restringido transmissões que questionassem o sistema eleitoral, após a divulgação de relatórios que atestavam a segurança das urnas.

Outro ponto abordado foi a ausência do general Gustavo Dutra, que era comandante militar do Planalto durante os atos de 8 de janeiro e também foi arrolado como testemunha de defesa. A oitiva poderá ser remarcada até a próxima segunda-feira, segundo Alexandre de Moraes.

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