Cidades europeias se unem em protestos contra impacto do turismo em massa
Milhares de manifestantes saíram às ruas neste fim de semana em diversas cidades da Europa para protesto contra a “turistificação”
Milhares de manifestantes saíram às ruas neste fim de semana em diversas cidades da Europa para protesto contra a “turistificação” — um fenômeno crescente em que bairros, centros históricos e estruturas urbanas passam a ser moldados prioritariamente para atender turistas, em detrimento da população local.
Os protestos ocorreram em pelo menos uma dúzia de cidades em países como Espanha, Itália e Portugal. Em Barcelona, entre 600 e 800 pessoas marcharam pelas ruas com cartazes que diziam “O seu lazer é a minha miséria” e “O turismo de massa mata a cidade”. A cidade, que tem cerca de 1,6 milhão de habitantes, recebeu impressionantes 26 milhões de turistas no último ano.
A mobilização teve também atos simbólicos: em Gênova, manifestantes arrastaram uma réplica de navio de cruzeiro pelas vielas estreitas para ilustrar como o turismo é incompatível com a vida local. Em Lisboa, estava prevista a “expulsão” simbólica de Santo Antônio de sua igreja para o local de um futuro hotel de luxo — um gesto que expressa como até os elementos culturais e religiosos estão sendo afetados pela expansão do turismo.
Segundo os organizadores, a intenção não é hostilizar turistas, mas denunciar um modelo econômico que favorece lucros concentrados nas mãos de poucos enquanto eleva o custo de vida, expulsa moradores, sobrecarrega serviços públicos e substitui empregos qualificados por postos de trabalho precários.
Em Ibiza, por exemplo, os moradores denunciaram a falta de acesso à água em meio à seca, enquanto hotéis e residências de luxo continuam a encher piscinas normalmente. Em Veneza, há mais leitos turísticos do que moradores registrados, e até o crescimento de caixas eletrônicos virou metáfora da transformação da cidade em uma “máquina de sacar dinheiro” para investidores.
A ação coordenada dos protestos surgiram após um encontro entre coletivos de vários países no início do ano em Barcelona. O termo “turistificação” foi adotado como alternativa ao já conhecido “overturismo”, com foco não apenas na quantidade de visitantes, mas na transformação estrutural dos espaços para o consumo turístico.
Como explicou um dos organizadores em Lisboa, a turistificação “excava o significado dos lugares” e os transforma em versões caricatas de si mesmos, perdendo sua identidade em troca de rentabilidade.
A mobilização sinaliza que, para muitos europeus, o turismo como está hoje deixou de ser uma fonte de desenvolvimento e passou a ser visto como um agente de desintegração social e cultural. Para os ativistas, a luta não é contra os visitantes, mas contra o modelo de exploração que ameaça o direito à cidade.
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