Reação negativa de profissionais marca anúncio do Nubank sobre fim do trabalho remoto
O anúncio do Nubank de que encerrará o modelo de trabalho remoto até julho de 2026 gerou forte repercussão interna e externa. A comunicação foi feita por e-mail aos colaboradores em 6 de novembro e detalhada em uma reunião híbrida no dia seguinte, que reuniu cerca de 7.000 funcionários presencialmente ou via Zoom. Segundo relatos de pessoas que participaram do encontro, a discussão se tornou rapidamente acalorada, refletindo um clima de insatisfação com a transição para o trabalho híbrido.
Pelo novo modelo, funcionários deverão cumprir inicialmente dois dias presenciais por semana, passando a três dias a partir de janeiro de 2027. O Nubank, que desde 2020 opera majoritariamente de forma remota, justificou a mudança defendendo que a colaboração presencial “potencializa inovação”, argumento alinhado ao movimento recente de outras empresas de tecnologia.
Após o debate interno, o conselho de conduta da empresa anunciou a demissão de 12 funcionários por “desrespeito e violações de conduta” durante a reunião. Em nota, o banco afirmou incentivar o diálogo, mas declarou que não tolerará agressões ou ataques pessoais.
Novos escritórios e questionamentos regionais
Para suportar a transição, o banco está abrindo novas unidades em São Paulo, Campinas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Washington, Miami, Palo Alto, Cidade do México e Bogotá. A ausência de escritórios nas regiões Norte, Nordeste e Sul do Brasil chamou atenção de trabalhadores dessas áreas, que alegam ter construído rotinas, famílias e moradia estáveis em cidades distantes dos polos escolhidos.
Segundo funcionários, alguns relatos de ansiedade e preocupação surgiram após a comunicação inicial, principalmente entre quem foi contratado sob regime remoto e agora teme realocação obrigatória ou demissão.
O CEO do Nubank, David Vélez, afirmou durante a reunião que pretende mudar com a família para uma cidade que abriga escritórios da empresa. Outra cofundadora, Cristina Junqueira, já se mudou para Miami, onde haverá uma das novas estruturas. Nas redes sociais, críticas sugerem que o movimento é menos simples para trabalhadores que não ocupam cargos executivos.
Exceções e possibilidades de realocação
Continuarão isentas da exigência presencial áreas como atendimento ao cliente, ouvidoria, auxílio a investimentos, rotulagem de dados, investigações financeiras, soluções regulatórias e parte do RH. Casos específicos serão avaliados de acordo com histórico, desempenho e documentação médica.
Há também possibilidade de auxílio para realocação para uma parcela da equipe, embora detalhes sobre critérios não tenham sido divulgados.
Repercussão nas redes
No Reddit, onde a discussão ganhou força, usuários apontaram que políticas semelhantes têm sido usadas em empresas da área de tecnologia como forma indireta de redução de quadros — funcionários que não podem se mudar acabam pedindo desligamento. Comentários também criticaram o contraste entre discursos corporativos de modernização e decisões consideradas conservadoras em relação ao modelo de trabalho.
Outros destacaram que, apesar do Nubank ser hoje avaliado como uma das empresas mais valiosas do Brasil, a direção estaria optando por uma gestão mais presencial com foco em controle e redução de custos.
Tendência global
O retorno gradual ao escritório tem ganhado força em grandes companhias de tecnologia desde 2023. Entre as razões citadas, estão tentativa de elevar produtividade, reforçar cultura interna e facilitar supervisão. Especialistas alertam, porém, para impactos na retenção de talentos, especialmente em setores competitivos como engenharia de software.
Possíveis efeitos
Analistas apontam que empresas que exigem retorno rígido ao presencial podem enfrentar:
- perda de competitividade na contratação,
- migração de trabalhadores para mercados totalmente remotos,
- custos imprevistos com realocação.
No Brasil, o tema também esbarra na realidade de mão de obra distribuída pelo país. Trabalhadores fora dos grandes centros podem ser os mais afetados.
Clima de incerteza
Internamente, funcionários relatam falta de diálogo prévio e preocupação com prazos. Alguns dizem ter comprado imóveis em suas cidades após serem contratados sob contrato remoto, considerando o acordo estável.
Apesar das críticas, a empresa afirma estar “comprometida com a transição” e ciente de que haverá desligamentos no período.
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